Open House Porto

1 Casa de Chá da Boa Nova Matosinhos Comércio e Serviços 1950 – 2000 2000 – 2017 Álvaro Siza 1962/1991/2014 Visita comentada por Arq. António Choupina Havia na Boa Nova apenas rochedos e uma belíssima vista de mar. A arquitectura tem por vezes esta capacidade rara e desafiadora de tornar a natureza ainda mais perfeita e foi o que aconteceu com a obra do jovem arquitecto Álvaro Siza Vieira em 1958. Será a oportunidade de rever esta obra, agora totalmente recuperada pelo arquitecto, adaptada a restaurante. A visita far-se-á entre serviços do restaurante, também ele premiado, aguardando pelo dia especial em que nos possamos sentar à mesa.

2 Farol de Leça da Palmeira Matosinhos Infraestruturas 1900 – 1950 Eng. José Joaquim Peres 1926 Um farol é uma construção que pertence ao mar feita para ser vista à distância e para ver mais longe. Serve também para avisar os navegantes que estão a chegar a bom porto. Numa época de confiança cega nos GPS e nos sofisticados sistemas de telecomunicação, é o último reduto para garantir uma navegação segura na eventualidade de tudo o resto falhar. Visitar o Farol de Leça e subir os seus quase 50m de altura é como entrar num outro tempo, numa peça de relojoaria, onde os mecanismos antigos estão imaculadamente mantidos pelo zelo contínuo dos faroleiros.

3 Piscina das Marés Matosinhos Equipamentos 1950 – 2000 Álvaro Siza 1966 Sáb 11h00, Arq. José Manuel Soares / Dom 11h00, Arq. Luís Urbano Diz-se que a arquitectura é uma experiência imersiva. Poucos exemplos o comprovarão melhor que esta belíssima piscina em Leça da Palmeira. Como um velho e assíduo veraneante, é feita de osso e músculo, betão bruto e madeira seca pelo sal e pelo óleo queimado. Os balneários, cobertos a cobre esverdeado, escondem os banhistas dos olhares indiscretos de quem passa na rua. Do outro lado, o tanque é uma porção de mar manso cuja geometria foi encontrada no meio das rochas.

4 Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões Matosinhos Equipamentos 2000 – 2017 Luis Pedro Silva 2014 Visitas sem pré-marcação, contudo exigem levantamento de senha 30 minutos antes de cada visita. Visita comentada por Arq. Luís Pedro Silva (VISITA ESGOTADA) O edifício estranho e cenográfico no extremo do molhe sul do Porto de Leixões, tem uma importância maior do que as suas funções: de porta de entrada para os barcos de cruzeiro que nos visitam e de laboratório para investigação dos mares. Mais importante do que a singularidade da sua forma, é a possibilidade de permitir que o porto marítimo se possa integrar na vida da cidade, que o dito molhe sul se possa converter em espaço público e que a sua cobertura se converta numa plateia para o mais extraordinário espetáculo: a visão do oceano.

5 ESAD Idea Matosinhos Comércio e Serviços 1900 – 1950 2000 – 2017 Manuel Fernandes de Sá / Maria Milano 1937/2016 Visita comentada pela Arq. Maria Milano A conversão de uma antiga agência bancária, aliás, de duas, num centro de investigação e divulgação do design, foi mais do que uma simples mudança de uso. Entrando pela Rua de Brito Capelo, uma das principais artérias de Matosinhos, é possível passar para além dos antigos balcões de atendimento e chegar até à Rua de França Júnior e compreender as semelhanças entre as duas fachadas desenhadas em 1937 por Manuel Fernandes de Sá. Na reconversão, da autoria de Maria Milano, o primeiro piso passa a ser assim uma possibilidade de ligação entre as duas ruas com um pátio interior. Da exposição de peças, ao trabalho em atelier e ao alojamento de convidados, os dois edifícios passam a ter um uso mais afável e mais urbano.

6 Mercado de Matosinhos Matosinhos Equipamentos 1950 – 2000 2000 – 2017 ARS Arquitectos/ Nuno Abrantes / Arquitectos Anónimos e Maria Milano 1952/2010/2014 Sáb 12h00, Arq. Maria Milano / Sáb 15h00-16h00 (30min), Vasco Magalhães e Filipe Afonso / Dom 11h00-13h30 (30min), Arqs. Vasco Magalhães e Filipe Afonso Depois de uma reconversão, inteligente e sensível, do edifício moderno originalmente desenhado por ARS-arquitectos, o Mercado Municipal de Matosinhos é um exemplo feliz d0 convívio de formas de comércio tradicional, mantendo o protagonismo do mercado de frescos. A função de mercado coabita com as indústrias criativas aqui instaladas, sob a impressionante abóbada parabólica de betão armado. O mercado volta a ser um espaço de encontro e de passeio, um espaço para comer, trabalhar e aprender.

7 Casas-pátio Matosinhos Habitação 1950 – 2000 Eduardo Souto de Moura 1999 Visita comentada pela Arq. Nuno Graça Moura Estas casas de Eduardo Souto Moura situam-se num promontório sobre o terminal de contentores do Porto de Leixões. As 10 casas não estão ali para controlar a entrada e a saída dos barcos nem o movimento das gruas. Não servem para ver, nem para serem vistas. Pelo contrário, viram-se só para si, como se nada existisse para lá dos seus muros altos. Por um dia, pelo menos, somos convidados a conhecer um jardim secreto que é uma pequena paisagem inventada, como que escavada no interior de um perímetro de belos muros e vidros.

8 Quatro Casas Matosinhos Habitação 1950 – 2000 Álvaro Siza 1957 Visita comentada pelo Arq. João Paulo Rapagão A primeira obra de Álvaro Siza, ainda antes de completar o curso, é o retrato de uma época onde o ensino da arquitectura se prolongava com a prática nos escritórios dos seus mestres. Revela-se, desde este primeiro exercício construído, o que seria a postura da figura maior da nossa arquitectura ao longo de toda a sua carreira: apesar de formarem um conjunto, cada uma das casas é uma oportunidade para o arquitecto experimentar diferentes temas de projecto, materiais e referências à história, sem nunca abdicar de inventar. É emocionante conhecer esta casa, ainda habitada pelo seu cliente original, e mais uma vez celebrar Álvaro Siza que, ao longo de mais de 60 anos de trabalho, continua a ser estudante de arquitectura.

9 Palacete Visconde de Trevões Matosinhos 1900 – 1950 2000 – 2017 Emídio Ló Ferreira / Ana Crista 1914/2017 Sáb 10h, José Manuel Varela / Sáb 11h, Arq. Ana Crista / Dom 10h José Manuel Varela / Dom 11h, Conceição Brito Durante mais de cem anos de existência, este palacete já serviu para muitos usos, de casa a biblioteca, para além de sede de várias associações. Presta-se bem ao seu destino futuro de servir de Casa da Memória do Concelho. A obra que se abre para ser visitada está neste momento vazia, depois de necessários trabalhos de renovação de infraestruturas e das suas condições de acessibilidade. A sensibilidade desta intervenção, coordenada por Ana Crista dos serviços municipais, manteve o essencial das suas características originais (os tectos decorados, os azulejos e as madeiras). Antecipando a instalação deste espaço de exposições, esta será uma oportunidade única para procurar as memórias que o edifício guarda só por si.

10 Casa da Arquitectura - Real Vinícola Matosinhos Equipamentos 1900 – 1950 2000 – 2017 Eng. António da Silva / Guilherme Vaz 1901 / 2017 Sáb 21h, Arq. Carla Barros / Dom 17h, Arq. Nuno Sampaio O edifício da Real Companhia Vinícola data do final do século XIX. Foi a primeira construção a ocupar, na quase totalidade, o rectângulo desenhado no Plano de Matosinhos Sul por Licínio Guimarães, que definiu uma rectícula nova-iorquina para a implantação das conserveiras e outras indústrias. Foi também o último edifício a resistir à recente ocupação desenfreada do interior dos quarteirões. Classificada, recuperada em boa hora por Guilherme Machado Vaz, da Câmara Municipal de Matosinhos, será a nova casa da Casa da Arquitectura. Uma casa para melhor conservar, estudar e divulgar os arquivos de arquitectura que lhe são confiados. Será também a casa de outras músicas, de outras artes e um lugar cosmopolita que a cidade agradece.

11 PMO e PCC Metro do Porto Matosinhos Infraestruturas 1950 – 2000 - 1985 Visita comentada por Técnicos da Metro do Porto reservas marcação pré-marcação O Parque de Materiais e Oficinas é a casa onde repousam as composições do Metro quando não estão em actividade. Funciona também aqui o Posto de Comando Centralizado a partir do qual se controla a operação de uma rede com cerca de 70 km de extensão. Esta visita é uma rara ocasião para circular em vias normalmente vedadas ao público. Venha conhecer melhor o funcionamento de um sistema de transporte que mudou de modo radical o quotidiano da Área Metropolitana do Porto.

12 Escola Básica do Padrão da Légua Matosinhos Equipamentos 2000 – 2017 Nuno Brandão Costa 2011 Visita comentada pelo Arq. Nuno Brandão Costa A escola tem como função principal educar cidadãos. Pertence por isso à cidade. Nesta área urbana em transição, na fronteira entre Porto e Matosinhos, misturam-se fragmentos de ruralidade, entre pequenas casas e prédios de habitação. Ainda que fechado sobre si, o edifício relaciona-se com estas diferentes escalas, criando no seu interior uma atmosfera qualificada onde a cidade espreita por cima dos muros de tijolo.

13 Casa de Serralves Porto Equipamentos 1900 – 1950 2000 – 2017 Charles Siclis, José Marques da Silva / Álvaro Siza 1944/2004 Sáb 11h-14h, Técnicos Fund. Serralves e 15h, Dra. Fátima Vieira | Dom 11h, 12h, Arq. André Tavares e 13, 14h, Técnicos Fund. Serralves A Casa de Serralves foi idealizada durante décadas pelo casal Carlos Alberto Cabral e sua mulher francesa Blache Dubin, que fizeram da sua construção e do desenho específico de cada uma das peças e de cada uma das salas o seu projecto de vida. Casal cosmopolita, entregam o projecto a Charles Siclis acompanhado por Marques da Silva. Um palácio encenado, para mostrar e receber. A Casa de Serralves já era uma casa de cultura antes de ser museu. Aberta ao público, é uma casa cuja singularidade e beleza deve ser absolutamente pda. Vale sempre a pena regressar às origens de Serralves, descobrir ou redescobrir as diferentes arquitecturas que encerra, subir à torre da capela e imaginar uma vie em rose.

14 Sede do Grupo Ferreira Porto Comércio e Serviços 2000 – 2017 Inês Lobo e João Luís Carrilho da Graça 2009 Visita comentada por Arq. Pedro Oliveira Esta intervenção de Carrilho da Graça e de Inês Lobo combina a renovação de um edifício dos anos ’20 com a construção de um novo pavilhão anexo. As grandes superfícies envidraçadas e o recurso a materiais nobres como o mármore combinados com outros mais brutos (o betão à vista ou o aço galvanizado) contam de um modo didático a história do seu processo construtivo, ou não se tratasse da sede de uma empresa de construção. A transformação de palacetes da Av. da Boavista em edifícios administrativos representa a última de várias fases da história desta avenida. Ao visitante é dado a ver um dos melhores exemplos de que é possível com um desenho contemporâneo reinterpretar a sofisticação da linguagem pré-existente.

15 Casa Ricardo Pinto Porto Habitação 2000 – 2017 Correia/Ragazzi Arquitectos 2012 Visita comentada por Arq. Graça Correia São comuns as casas do Porto construídas à face da rua, escondendo jardins interiores que, no seu conjunto, transformam o quarteirão numa almofada verde de privacidade, com anexos de apoio, aqui e ali. A casa de Correia Ragazzi tenta subverter esta tipologia: os anexos no fundo do jardim são a extensão da própria casa. A ideia de interior é reforçada com os alçados principais completamente encerrados e revestidos em azulejo, e o jardim torna-se num pátio elegante e num tanque de água. Um ensaio tipológico com um resultado surpreendente.

16 Escritórios do Aleixo Porto Comércio e Serviços 1950 – 2000 Álvaro Siza 1998 O edifício de escritórios do Aleixo é seguramente o único lugar do mundo onde dois Prémios Pritzker dividem um condomínio, numa espécie de “cooperativa” de arquitectos e engenheiros. Comprado o terreno, os “cooperantes” fizeram um concurso entre Fernando Távora, Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura, tendo o colectivo decidido que o projecto de Siza era o vencedor. O edifício de Álvaro Siza é bem identificável, sobranceiro ao Rio e à Rua do Ouro. Além de entrarem no edifício e nos seus espaços comuns, os visitantes vão ter a oportunidade única de visitar o escritório de Souto Moura, que abre generosamente as suas portas.

17 Casa e Quinta da Prelada Porto Equipamentos Nicolau Nasoni Séc. XVIII Visita comentada por Arq. António Leitão Barbosa Parece que a Quinta da Prelada estava destinada a ficar para sempre cortada e incompleta. A construção da VCI foi a machadada final que isolou esta notável casa, nunca concluída, entre edifícios banais e uma auto estrada. A intervenção recente de que foi alvo, pela mão de António Barbosa, é exemplar tanto na pção dos sistemas construtivos originais como na audácia do lançamento de um volume em vidro de desenho contemporâneo. Visto por dentro, pelo efeito caleidoscópico que provoca, podemos esquecer-nos por momentos do Hospital vizinho e do ruído dos automóveis em grande velocidade. É fundamental passear nos jardins, subir ao seu torreão e avistar do outro lado da estrada a fantasiosa torre cilíndrica com que Nasoni rematou aquilo que acharia que seria para sempre um conjunto.

18 Casa da Música Porto Equipamentos 2000 – 2017 Rem Koolhas (OMA) 2005 Sáb 10h, 12h, 15h30, Técnicos Casa da Música | Dom 10h, 12h, Técnicos Casa da Música | Dom 15h30, Arq. Jorge Carvalho reservas marcação pré-marcação As pessoas que diariamente se encontram no bar da Casa da Música, os skaters que deslizam pela sua praça de mármore travertino, ou as que já viram a sua silhueta pintada num autocarro turístico, já terão percebido que a cidade ganhou mais do que uma sala de espetáculos. Os arquitectos não desenham apenas formas. Convidamos os visitantes a ver ou rever este poliedro irregular na perspectiva de que um edifício pode contribuir definitivamente para a dinâmica urbana muito para além do programa que acolhe.

19 Sede Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos Porto Comércio e Serviços 2000 – 2017 NPS Arquitectos 2015 Visita comentada por Arq. Rui Neto O actual edifício Sede da OA é o resultado de um forte empenho corporativo ao longo de 15 anos de trabalho e investimento. Objecto de um Concurso entre os pares, o projecto vencedor da autoria do colectivo NPS arquitectos resolve brilhantemente a recuperação, a reconversão e a construção de raiz para o programa público. Os visitantes poderão ver uma casa burguesa abandonada que foi devolvida a um uso prestigiante. É uma oportunidade para relembrar que só aos arquitectos compete fazer Arquitectura.

20 Albergue D. Margarida Sousa Dias Porto Equipamentos 1900 – 1950 2000 – 2017 - / Nuno Valentim, Frederico Eça e Margarida Carvalho 1900 / 2016 Visita comentada por Arq. Nuno Valentim Ainda que por um período relativamente curto, este albergue é a casa daqueles que não têm casa. A renovação, de que foi alvo, pela mão do atelier de Nuno Valentim, é um exemplo onde o contributo do trabalho dos arquitectos tem uma extraordinária eficácia na gestão de recursos e de sistemas técnicos, numa obra que decorreu com o albergue em funcionamento pleno. Com meios escassos foi possível tornar óbvia a função mais elementar da arquitectura: fornecer um tecto a quem precisa. E isto mostra que arquitectura é uma actividade inclusiva, social e política, que é importante dar a conhecer.

21 Casa do Rosário Porto Habitação 2000 – 2017 DepA architects 2016 Visita comentada por Arqs. Margarida Leitão e Luís Sobral O projecto de recuperação de um prédio é um exercício que confirma a notável capacidade de adaptação da casa oitocentista. Onde existiam três habitações foi possível fazer cinco sem alterar a estrutura original e pndo o essencial da sua compartimentação. Num mesmo edifício é possível a coincidência de diferentes modos de viver na cidade: foi mantido um arrendatário antigo, instalaram-se aqui os proprietários e ainda foi possível criar três unidades de alojamento temporário. A grande inovação da casa pode ser encontrada na fachada do logradouro em vidro feito com o aproveitamento de carpintarias antigas que cria um ameno jardim de inverno.

22 Casa da Rua da Bandeirinha Porto Habitação 1950 – 2000 António Portugal & Manuel Maria Reis Arquitectos e Associados, Lda 1999 Sáb 10h, Arq. Anne Mendonça; Sáb 16h, Arq. Isabel Sereno; Sáb 17h, Arq. Manuel Maria Reis | Dom 10h, Arq. Isabel Sereno; Dom 12h, Arq. Manuel Maria Reis; Dom 17h, Arq. Anne Mendonça Há ruas que merecem ser vistas por detrás. A Rua da Bandeirinha é uma delas. Quatro arquitectos, sócios e amigos, António Portugal e Anne Vermeille e José Maria Reis e Isabel Sereno, encontram uma propriedade grande demais para uma só casa, ou mesmo duas. Decidem, por isso, juntar às casas o escritório comum. A largura do prédio foi dividida em duas metades, exactamente simétricas. Cada casa desenvolve-se em vários pisos, sempre à volta de um corpo central. Tudo desenhado com um detalhe exemplar. Em cada piso há uma função e os compartimentos não têm portas. As duas famílias repartem o maravilhoso jardim, a continuação do jardim romântico das Virtudes: uma plataforma inesperada com uma visão inebriante do Porto, da cidade e do rio.

23 i3s - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde Porto Equipamentos 2000 – 2017 Serôdio Furtado & Associados 2009 Sáb 11h30, Arq. João Pedro Serôdio / Dom 11h30, Arq. Tiago Ascenção O enorme crédito da investigação científica no nosso país levou a Universidade do Porto a pôr a concurso de concepção de arquitectura um dos maiores centros de investigação de Ciência do Porto. Serôdio e Furtado estão habituados a programas desta natureza, em que tecnologia e sofisticação têm que ser resolvidas com pragmatismo, com soluções que não deixem margem para dúvidas. Quando entramos temos imediatamente a percepção de que a lógica desta arquitectura em betão poderia ser a dos grandes centros de investigação americanos: eficaz e afável.

24 Faculdade de Economia da Universidade do Porto Porto Equipamentos 1950 – 2000 Viana de Lima 1974 Visita comentada por Arq. Sérgio Fernandez A obra de Viana de Lima, cujos primeiros estudos remontam aos anos 1960, tem um carácter pioneiro em muitos sentidos. Trata-se de um dos primeiros edifícios a instalar-se no polo universitário da Asprela, que nos anos que se seguiram se tornou na cidade estudantil do Porto. Distingue-se, naturalmente, pela modernidade despudorada do seu desenho, expresso nos grandes volumes em betão aparente. No interior, continuam a surpreender a amplitude dos espaços, com destaque para a chamada “Sala dos 70 metros”, o Salão Nobre com um altíssimo pé direito, os largos corredores envidraçados e os pátios interiores. A inteligência na organização dos espaços e a atenção ao detalhe e à qualidade construtiva, fazem com que, volvidos mais de 40 anos, continue a ser uma obra de referência que merece ser mantida e revisitada.

25 Centro de Sangue e Transplantação Porto Equipamentos 2000 – 2017 ARX Portugal 2005 Visita comentada por Arq. Paulo Rocha Para além de ser o sítio onde se recolhe e guarda uma dádiva preciosa, este projecto do atelier ARX permite dar a conhecer o miolo de um quarteirão mesmo à face da Quinta do Covelo. Oferece à cidade um novo espaço ajardinado de acesso público. À vista dos logradouros desarmoniosos das casas vizinhas, o edifício parece replicar os materiais e as texturas das construções circundantes: pedra, aço, zinco e vidro, contrastando com o interior asséptico, próprio da sua função laboratorial.

26 Casa Lindo Vale Porto Habitação 2000 – 2017 Ana Cláudia Monteiro e Vítor Oliveira 2014 Visita comentada por Arqs. Ana Cláudia Monteiro e Vítor Oliveira Esta casa urbana que dois arquitectos, Ana Cláudia Monteiro e Vitor Oliveira, desenharam para sua própria habitação é uma construção de linguagem contemporânea, mas que aprendeu muito com as casas antigas: na forma como se organiza e vive um espaço estreito e profundo. A sua fachada é transparente. Porém, ao longo do dia e com a diferença das estações do ano, um elaborado jogo de portadas faz com que a relação entre o interior, imaculadamente branco, e o exterior esteja em constante alteração. Controla-se a intensidade da luz, a temperatura, mas também o que se vê do interior e o que é visto de fora.

27 Parque Residencial do Luso Porto Habitação Comércio e Serviços 1950 – 2000 José Carlos Loureiro e Luís Pádua Ramos 1959-1963 Visita comentada por Arq. José Carlos Loureiro Seguindo outros exemplos no país, este conjunto de habitação procura uma síntese entre as propostas do Movimento Moderno - a construção em altura, o recuo relativamente à rua e a libertação de espaços verdes de uso comum, com o recurso a elementos da arquitectura tradicional. A simultaneidade do uso de betão aparente com estruturas em pedra, o revestimento a azulejo e a simulação de uma cobertura em telha, bem lá no alto, são a expressão visível dessa vontade. No interior, no entanto, essa tentativa é mais que meramente formal como se poderá sentir no grande espaço dado às áreas comuns que procuram promover o encontro e fortalecer relações de vizinhança.

28 Hospital Conde Ferreira Porto Equipamentos Séc. XIX Manuel d'Almeida Ribeiro / Faustino Vitório 1883 Sáb 10h, Eng. Valdemar Maia | Sáb 11h, Arq. Paulo Providência Há sempre nas cidades espaços de mistério, fantasmagóricos. Os hospícios foram sempre edifícios que toda a gente sabe que existem, mas que raramente se conhecem. Este enorme edifício, em particular, é um belo projecto de Manuel d’Almeida Ribeiro inaugurado em 1883. É resultado de uma doação importante do Conde Ferreira, sendo o projecto inspirado no Hospício D. Pedro II no Rio de Janeiro. Uma área de 12 hectares permitiria além da construção do Hospital para “furiosos” ou “alienados”, a construção de jardins, de pátios e de hortas que diferenciam as metodologias de tratamento psiquiátrico nesta casa. O Hospital Conde Ferreira, amavelmente, abre-se cada vez mais à cidade e visitá-lo é uma forma de desmistificar a saúde mental e entender o quanto a arquitectura contribui para a construção deste universo único.

29 1930 City Lodge Porto Comércio e Serviços 2000 – 2017 Ren Ito + Ren Pepe Arquitetos 2014 Visita comentada por Arq. Ren Ito “Lodge” é mais uma palavra estrangeira que significa “casa temporária” e que, como reflexo dos tempos que vivemos, passou a fazer parte do nosso vocabulário. Aqui testa-se a capacidade das casas centenárias, esta concebida para uma só família, poderem adaptar-se à necessidade de criação de alojamentos turísticos. O autor desta transformação, Ren Ito, é um japonês que veio para Portugal em 2003 para aqui viver por uma curta temporada. Essa condição transitória estendeu-se até hoje e, de há uns anos a esta parte, tornou-se também um agente de transformação da cidade. Esta obra é sintomática deste movimento recente de pessoas em trânsito pelo Porto, de como vêm a nossa realidade e as marcas permanentes que deixam nessa sua passagem.

30 Bairro São João de Deus Porto Habitação 1900 – 1950 2000 – 2017 C.M.Porto / Nuno Brandão Costa 1944 7 2017 Visita comentada por Arq. Nuno Brandão Costa A visita a este bairro e a esta parte da cidade acontecerá num momento de charneira, depois da demolição dos problemáticos blocos do “Tarrafal” e com os trabalhos em curso de reabilitação deste antigo bairro de casinhas. Já concluídas e entregues estão as casas, construídas de raiz em tijolo negro. Nesta fase de construção, é possível compreender as qualidades que se pretenderam manter com o projecto de Nuno Brandão Costa- a pequena escala, a baixa densidade e, sobretudo, a manutenção das também antigas relações de vizinhança, que se atesta pela vontade expressa da quase totalidade dos moradores em permanecer neste bairro. Esta obra é ainda um exemplo da capacidade dos arquitectos gerirem orçamentos magros para obter um máximo efeito de conforto e dignidade.

31 Estádio do Dragão Porto Equipamentos 2000 – 2017 Manuel Salgado (Atelier Risco) 2003 Visita comentada por Arq. Eugénio Macedo e Eng. Ricardo Carvalho Este que é um dos maiores edifícios do Porto, mobiliza mais do que os 50.000 aficionados que pode receber, semana sim, semana não. Proporcionou um plano de urbanização, cuja concretização ficou adiada pela crise económica recente, e um importante arranjo de infraestruturas urbanas: um nó de autoestrada, um centro comercial e uma estação de metro na transição para o lado oriental da cidade. Hic sunt dracones (aqui há dragões) é uma frase inscrita nos mapas antigos para assinalar territórios desconhecidos. Venha conhecer os bastidores do futebol, espreitando em redor uma parte do Porto em transformação.

32 Antigo Matadouro Industrial Porto Equipamentos 1900 – 1950 C.M.Porto 1914-1934 Visita comentada por Arq. Jorge Garcia Pereira Na sequência da expansão das cidades com a industrialização no século XIX, os matadouros municipais funcionaram como um instrumento fundamental para a salubridade do ambiente urbano e dos seus habitantes. Localizam-se, por isso, nos limites das cidades, normalmente em edifícios de grandes dimensões. Tendo cessado as suas funções nos anos 90, tem hoje o potencial de alimentar uma renovação das dinâmicas urbanas e culturais do Porto. Aguardando a concretização deste ambicioso projecto, vale a pena conhecer esta enorme estrutura dotada de um desenho inesperadamente cuidado.

33 Espaço Mira e Mirafórum Porto Equipamentos 2000 – 2017 Adriana Floret 2013 Visita comentada por Arq. Adriana Floret A reconversão destes dois armazéns, de uma série de onze, marca o início do processo de transformação em curso do conjunto onde, pela iniciativa de cada proprietário, estão a ser ensaiadas formas distintas de uso e de desenho. Neste caso é possível ver duas abordagens diferentes: um funciona como galeria de arte e espaço para residências artísticas e outro está aberto a apropriações mais temporárias e informais. Este é um exemplo de contaminação positiva em que os efeitos da revitalização se estendem para lá dos limites privados de cada intervenção.

34 Loft Miraflor Porto Comércio e Serviços 2000 – 2017 Alexandre Loureiro 2016 Visita comentada por Arq. Alexandre Loureiro A cidade acolhe cada vez mais moradores temporários, por isso é natural que também as suas casas mudem. Este antigo armazém da zona oriental ensaia-se um modelo de adaptação a essa população flutuante, que pode isolar-se nos quartos suspensos ou descer para o piso térreo da sua grande nave para cozinhar e conviver. É mais um exemplo da variação tipológica que têm vindo a sofrer os armazéns desta zona de Campanhã e que começam a definir um novo bairro habitacional e um polo cultural, numa área anteriormente esquecida.

35 Habitação em Miraflor Porto Habitação 2000 – 2017 Tiago Torre 2017 Visita comentada por Arq. Tiago Torre Por trás das portas vermelhas de um dos antigos armazéns da Rua de Miraflor fica uma casa aqui instalada com recursos que só aparentemente são simples. As paredes em granito ficaram expostas, assim como as instalações de água e luz. A nave única é dividida por sucessivos planos de vidro: uma garagem, um pátio descoberto e a casa, com um quarto em mezzanine. Descontando dois pequenos blocos em tijolo, tudo o resto é móvel como se uma cozinha, uma árvore sobre rodas, uma mota ou um sofá se pudessem arrumar de modos diferentes conforme os humores do tempo ou dos seus habitantes.

36 Cemitério Prado do Repouso Porto Equipamentos Séc. XIX - antes de 1839 Visita comentada pelo Historiador Francisco Queiroz Que vida existe na cidade dos mortos? Vive sobretudo a memória dos que partem e aqueles que cuidam para a manter presente. Nas obras que lhes servem de morada, tantas vezes com uma qualidade arquitectónica e artística notáveis, estão muitas das histórias da cidade dos vivos: a riqueza e opulência de alguns dos seus habitantes perpetuadas nos jazigos de família, neogóticos e modernos, assim como a construção interrompida de uma monumental igreja que ligaria à rua de S. Vítor. Convidamos a visitar, de noite, o primeiro cemitério público do Porto, fundado em 1839, e descobrir um sítio onde se guardam memórias da cidade.

37 Ilha na Rua de S. Vítor Porto Comércio e Serviços 2000 – 2017 BAU - Bernardo Amaral Arquitectura e Urbanismo 2015 Visita comentada por Arq. Bernardo Amaral As ilhas do Porto, sobretudo as de S. Vítor são um tema de estudo sobre a transformação da cidade. É sabido que esta forma de habitação precária ainda persiste nos dias de hoje e este exemplo, da autoria de Bernardo Amaral, relembra que ainda há muito a estudar, discutir e aprender. Esta ilha, revisitada, é um exemplo de um modo de intervenção cirúrgica, onde pequenas construções foram demolidas para revelar a estrutura original de espaços exteriores comuns. Nos mesmos compartimentos exíguos onde antes viviam várias famílias, unidos por um corredor exterior, esbatem-se as fronteiras entre os espaços de dormir, comer, cozinhar ou tomar banho. Criou-se aqui uma pequena comunidade que se propõe questionar o que significa hoje viver em comum.

38 Estação de Metro 24 de Agosto Porto Infraestruturas 2000 – 2017 Eduardo Souto de Moura 2000 Visita comentada por Arq. Pedro Mouro Para além de permitir ligações dentro da Área Metropolitana do Porto com maior rapidez e comodidade, a construção do Metro restabeleceu também ligações no tempo que se julgavam perdidas. Na escavação de uma das estações mais profundas da rede, num lugar que por estar frequentemente alagado se chamava o Poço das Patas, foi descoberta uma fonte com o curioso nome de Mijavelhas. O achado arqueológico foi integrado de forma permanente no desenho de Eduardo Souto de Moura num dos cinco pisos desta estação. Viajar no metro torna-se assim simultaneamente uma viagem pela melhor arquitectura contemporânea da cidade e uma viagem no tempo.

39 Duas casas para S Porto Habitação 2000 – 2017 colectivoMEL 2014 Visita comentada por colectivo MEL No campo da reabilitação do nosso património construído, convém relembrar que nem sempre é preciso demolir tudo ou manter apenas a fachada e construir de novo o seu interior. Nestas casas propõe-se uma abordagem radicalmente alternativa onde, à excepção dos novos elementos introduzidos com grande precisão, tudo o resto é mantido: a estrutura de madeira, os estuques e as carpintarias, mas sobretudo as marcas da passagem do tempo, o desgaste nas pinturas, nas madeiras e no papel de parede. Os visitantes vão poder perceber esta ambiguidade entre recuperar completamente ou intervir de modo cirúrgico. Se pode parecer uma postura simplesmente nostálgica ou romântica, rapidamente se esbate o argumento ao descobrirmos que tudo isto permite também uma economia considerável dos custos de construção.

40 Casas da Fonte Parda Porto Habitação 1900 – 1950 2000 – 2017 - / Lúcia Baptista 1932 / 2010 Visita comentada por Arq. Lúcia Baptista A topografia do Porto tem zonas, como a do Bonjardim, em que os edifícios esbarram contra as escarpas. Zona operária, as ilhas aqui organizavam-se em socalcos a partir da fachada burguesa para a Rua, que ocultava, por assim dizer, as misérias das inúmeras construções precárias que se alinhavam nos patamares de uma escadaria infindável. O trabalho da Lúcia Batista começou por ser na Rua e no Largo e a intenção de renovação duma casa resultou na recuperação da bela fonte barroca, antes abandonada, e na devolução daquele espaço ao passeio público. No desenho das quatro casas, sobrepostas e entrecruzadas, tudo é um exercício de sensibilidade, de cultura e de arquitectura que vale a pena visitar.

41 Edifício DKW Porto Comércio e Serviços Habitação 1950 – 2000 Arménio Losa e Cassiano Barbosa 1953 Visita comentada por Arq. Luciana Rocha Um ano antes do início da construção deste edifício, o acordo ortográfico português ainda só contemplava 23 letras no seu alfabeto. O “K” e o “W” eram letras estranhas ao nosso idioma tal como era estranhamente moderno o edifício que Arménio Losa e Cassiano Barbosa projectaram para a então nova Rua de Sá da Bandeira onde ficaria a sede da construtora de automóveis alemã. No DKW, as inovações não são meramente estéticas. Habitação, comércio, escritório e estacionamento, convivem na mesma estrutura com entradas independentes. Subir as escadas em espiral percorrer as galerias interiores e visitar os seus apartamentos, revelam espaços e um modo de habitar que ainda hoje são surpreendentes.

42 Palácio do Bolhão Porto Comércio e Serviços Equipamentos 2000 – 2017 - / José Gigante, João Gomes e Manuel Fernando Santos 1844 / 2005-2015 Visita comentada por Arq. José Gigante A origem deste imóvel remonta a 1844. Mandado construir por um rico comerciante, desde logo foi palco para opulentas festas e, de um modo geral, um modo de exibir o poder económico do seu dono. Os proprietários que lhe seguiram continuaram e reforçaram a vocação deste edifício de servir as artes. No seu estado actual, e na posse do Município, tornou-se num exemplo da adesão da sociedade civil e de diversos mecenas em torno do entusiasmo de uma companhia de teatro e de uma escola das artes que aqui encontraram a sua casa. O trabalho dos arquitectos fez também parte deste movimento, dotando o edifício com excelentes condições técnicas, respeitando e pondo em evidência as suas qualidades originais.

43 Câmara Municipal do Porto Porto Equipamentos 1900 – 1950 1950 – 2000 António Correia da Silva / Carlos Ramos 1916/1957 Visita comentada por Arq. Domingos Tavares A sede do Município do Porto tem, desde os anos 20 uma importante função simbólica, rematando o cimo da Av. dos Aliados como um cenário, onde a sua torre se ergue, desafiadora, perante o protagonismo da Torre dos Clérigos. Perante este desígnio representativo, o requinte do seu espaço interior e o seu magnífico terraço sobre a cidade, permanecem para muitos um mistério. Convidamos mais uma vez a desvendar um espaço que se tem dado a mostrar desde a primeira edição do Open House.

44 Caixa Geral de Depósitos / Culturgest Porto Comércio e Serviços Equipamentos 1900 – 1950 Porfírio Pardal Monteiro 1931 Visita comentada por Arq. Manuel Pardal Monteiro Em plena Av. dos Aliados, na parte mais nobre da cidade, este elegante edifício de gaveto desenhado por Pardal Monteiro e pertencente ao banco do Estado partilha e promove a produção cultural que, de certo modo, é também um bem comum. A Culturgest, em Lisboa e no Porto, tornou-se numa instituição maior de divulgação das artes. Para além do seu átrio interior de planta octogonal de dupla altura, ricamente decorado de forma colorida, a visita passará pelo cofre e por uma subida à sua cobertura.

45 Túnel S. Bento-Campanhã Porto Infraestruturas 1900 – 1950 Engº Hippolyte de Baère 1900 Visita comentada por Técnicos das Insfraestruturas de Portugal reservas marcação pré-marcação Só mesmo a obstinação e teimosia das gentes do Porto conseguem ser mais fortes que a dureza do seu leito de granito. A mesma teimosia em manter o movimento portuário no rio Douro tornou possível a abertura de um canal ferroviário entre a Alfândega e Campanhã. Com a passagem definitiva desta função para Leixões, esta linha foi desactivada e chegou até nós como uma ferida aberta. É já tempo de a sarar e pensar como poderá a reactivação dessa ligação servir de suporte a uma necessária revitalização desta parte da cidade.

46 Teatro Nacional de São João / Oficinas TNSJ Porto Equipamentos 1900 – 1950 1950 – 2000 2000 – 2017 José Marques da Silva / João Carreira + Paulo Providência 1920/1995 + 2005 Visita sem pré-marcação, contudo exige levantamento de bilhetes 30 minutos antes de cada visita Visita comentada por Arqs. Nuno Lacerda Lopes e Paulo Providência Os cenários para um teatro são sempre um simulacro de outra realidade, escondendo a sua materialidade frágil e precária. Nestas oficinas, da autoria de Paulo Providência, constroem-se cenários a escassos metros do Teatro de São João, recuperado por João Carreira e de onde parte esta visita. Nas oficinas, a fachada é tudo menos leve, mas foi desenhada também pelo o jogo e a ilusão: dos painéis pétreos que parecem ser móveis, ou das paredes que afinal se transformam em portas. A rigorosa sensibilidade deste projecto acrescenta valor contemporâneo ao extraordinário património do edifício do Teatro. Esta é também uma ocasião para conhecer alguns segredos da construção de um espectáculo.

47 Paço Episcopal Porto Equipamentos Até Séc. XVI - Séc. XII-XIX Visita comentada por Historiador Joel Cleto Este enorme edifício branco com molduras de granito que encima o Morro da Sé é parte fundamental da história da cidade e do seu cartão postal. Em Agosto do ano passado, depois de cerca de seiscentos anos de existência, a casa dos Bispos do Porto abriu finalmente as suas portas ao público de modo regular, o que o Open House Porto não poderia deixar de assinalar. É uma oportunidade para conhecer os requintes que se esperam de um palácio: uma escada monumental, ricas tapeçarias, móveis de madeiras preciosas ou espelhos de talha dourada, mas também os espaços onde o Bispo do Porto e outros membros da Igreja vivem diariamente e saber o que se vê dos janelões.

48 Museu de Arte Sacra e Arqueologia / Igreja de S. Lourenço Porto Equipamentos Até Séc. XVI Silvestre Jorge 1573 Na parte mais alta da cidade e magnificamente implantada no morro da Sé, esta bela Igreja Jesuíta, Maneirista, construída no século XVI, convive com uma série de outras coisas por detrás da sua fachada imponente: O Museu de Arte Sacra e o Seminário Maior da Sé do Porto. O Museu tem uma intervenção moderna do arquitecto Luís Cunha, e contém belíssimas peças de arte religiosa. As celas do Convento, hoje quartos de Seminaristas, sucedem-se em extensos corredores que se entrecruzam e desembocam em estonteantes varandas sobre o Rio. Os visitantes poderão circular por esta sucessão de espaços.

49 Casa na Escada das Verdades Porto Habitação 2000 – 2017 Amélia Brandão Costa e Rodrigo da Costa Lima 2015 Visita comentada pelos Arqs. Amélia Costa e Rodrigo Lima Esta pequena casa não tem como endereço uma rua, mas uma escada íngreme, a Escada das Verdades, que liga a Ribeira à Sé. Os seus 80m2 dividem-se numa sucessão de quatro pisos. Percorrê-los é, por isso, como um prolongamento das escadas do exterior. E tal como no exterior, cada piso oferece um espaço diferente, cada um em relação com um pátio ajardinado, com distintas perspectivas sobre o Douro. O projecto funciona como um exercício de arqueologia que começa, em baixo, com o leito rochoso exposto que vai sendo cada vez mais revestido à medida que se sobe.

50 Apartamentos Oh Porto Vila Nova de Gaia Comércio e Serviços 2000 – 2017 Hugo Ferreira e Nuno Melo e Sousa 2016 Sáb 11h, 12h, 13h, Arq. Nuno Sousa | Dom 11h, 12h, 13h, Arq. Hugo Ferreira Do prédio de habitação que aqui existia, com acesso pela Calçada da Serra e encostado à escarpa, apenas ficaram a fachada e as empenas laterais em granito. Dentro destes limites, de modo a acolher seis apartamentos turísticos, foi inserida uma estrutura em betão aparente. No meio do conjunto, dividindo-o em duas metades, um muro habitado resolve as exigências desta nova função: as casas de banho e as cozinhas de cada unidade e um elevador. A vista sobre a Ribeira do Porto que se pode ter desde os quartos é extraordinária, mas do lado do logradouro a intervenção permitiu dar um novo protagonismo à escarpa, deixada exposta, que funciona como um cenário mineral para os apartamentos que se abrem sobre ela com grandes janelas.

51 Mosteiro da Serra do Pilar Vila Nova de Gaia Equipamentos Até Séc. XVI Diogo de Castilho e João de Ruão 1537 Dom 15h, Dr. Paulo Amaral / Dom 16h e 17h, Arqs. Paulo Freitas e Maria João Marques reservas marcação pré-marcação Vale sempre a pena voltar a este edifício com a sua forma tão rara: uma igreja e um claustro, lado a lado, ambos de planta circular e com dimensões idênticas. Um cheio e um vazio, um fechado e um aberto, que são a demonstração de que o laborioso acto de projectar em arquitectura pode ser entendida de um modo quase lúdico. Diria Le Corbusier que “a arquitectura é o jogo sábio, correcto e magnífico dos volumes articulados sob a luz”. Para os arquitectos será suficiente conhecer esta obra em desenho, mas nada substitui o percurso pelos seus espaços e observar as subtilezas da variação da luz do sol ao longo do dia.

52 Quartel da Serra do Pilar Vila Nova de Gaia Equipamentos Até Séc. XVI Frei Brás de Barros 1538 Data do início do séc. XVI a instalação deste quartel, quase em simultâneo com a construção do Mosteiro. Durante estes quase 500 anos, esteve naturalmente envolvido nos conflitos militares que mais ameaçaram a condição de cidade invicta de que o Porto justamente se gaba. Pela sua localização estratégica, foi decisivo na expulsão das tropas invasoras de Napoleão e na luta que opôs liberais a absolutistas. A origem do quartel confunde-se com a do mosteiro que, antes de ter o nome que hoje conhecemos, teve ainda o de São Salvador do Mundo e Salvador do Porto. A posição estratégica que ocupa, tão eficaz em tempos de guerra, oferece uma belíssima vista sobre a cidade que, nos momentos mais tranquilos que vivemos, sabe bem disfrutar.

53 Instituto Geofísico Vila Nova de Gaia Equipamentos Séc. XIX 2000 – 2017 - / Serafim Silva (CMG) 1885 / 2016 Visita comentada pela Dra. Helena Sant'ovaia Há também lugar para a ciência no domínio da Serra do Pilar, que é partilhado com o Quartel e o Mosteiro vizinhos. O observatório meteorológico, implantado no meio de um grande jardim, recebeu profundas obras de beneficiação que ajudam a pensar que este espaço poderá ter um papel importante na vida da cidade. A vista da cobertura é surpreendente, mas há outros segredos a descobrir: do registo do clima desde os finais do século XIX, a um “bunker” Americano atento às vibrações da terra dos ensaios nucleares soviéticos que aqueceram outro clima- o político-, nos tempos da Guerra Fria.

54 Laboratório Eng. Edgar Cardoso Vila Nova de Gaia Equipamentos 1950 – 2000 Eng. Edgar Cardoso 1992 Visita comentada pelo Eng. Filipe Laranjeira Durante os sete anos que foram necessários para construir a ponte S. João, foi neste edifício, implantado à beira-rio, que se acompanharam os trabalhos e se anteciparam desafios estruturais. Ele próprio funciona como uma maqueta da ponte a escala reduzida. Passados 25 anos da abertura ao trânsito ferroviário, e sem a sua função original, esta construção de anatomia pouco convencional - dois grandes pilares de betão armado suportando dois volumes envidraçados -, ganhou uma certa autonomia e merece ser visitado pela qualidade do seu desenho.

55 Ponte São João Vila Nova de Gaia Infraestruturas 1950 – 2000 Eng. Edgar Cardoso 1992 Visita comentada pelo Eng. Nuno Afonso Marques reservas marcação pré-marcação Se se chama “obra de arte” às obras de engenharia especiais - as pontes e viadutos -, deve-se ao trabalho de figuras como Edgar Cardoso. A segunda ponte que o engenheiro ofereceu à cidade segue o legado das suas antecessoras, na sua excepcionalidade técnica, mas também na sua elegância escultórica. Afinal uma estrutura funciona melhor se também for bonita. Complementando a visita ao Laboratório vizinho, venha subir à ponte e percorrer o espaço oco no interior do seu tabuleiro.

56 Capela de São José Vila Nova de Gaia Equipamentos 2000 – 2017 José Fernando Gonçalves 2005 Visita comentada pelo Arq. José Fernando Gonçalves A arquitectura religiosa é um tema que José Fernando Gonçalves estudou e desenvolveu em vários projectos. Esta Capela, de influência claramente nórdica, tem no entanto condicionantes territoriais e de acessibilidade que permitiram a sua colocação no local e na paisagem de modo muitíssimo articulado. O betão e o bloco de betão, a madeira e a pedra, são os materiais utilizados nos vários espaços do Programa, Capela, Capela Mortuária e Centro Paroquial, de modos diferenciados, criando em cada espaço a atmosfera de religiosidade e contemplação necessária a cada um deles.

57 Casa-Museu Teixeira Lopes Vila Nova de Gaia Equipamentos Séc. XIX José Teixeira Lopes Séc. XIX Visita comentada pelo Arq. Luís Aguiar Branco António Teixeira Lopes foi um importante escultor portuense, discípulo de Marques de Oliveira e Soares dos Reis, formado pelas Academia de Belas Artes do Porto e pelas Beaux- Arts de Paris, como era tradição na altura. O seu irmão, José Teixeira Lopes, arquitecto, constrói esta casa de família, onde também funcionava o atelier do escultor e onde este foi acumulando uma importante colecção de objectos de arte. A casa usa alguns elementos decorativos provenientes das importantíssimas fábricas de cerâmica de Gaia e outras peças de cantaria e de tijolo trasladadas de outros edifícios, resultando ela própria num exemplar de exposição. Neste Concelho existem ainda as casas-oficina de Soares dos Reis, em vias de ser recuperada, e a do pintor Pedro Olayo, em Miramar, em estado de abandono. Um património desconhecido que no seu conjunto merece ser valorizado.

58 Torre PT Vila Nova de Gaia Infraestruturas 1950 – 2000 António da Silveira Botelho 1995 Notas: - Necessária apresentação à entrada de nome+BI/CC - Evitar levar sacos/mochilas de grande volume Visita comentada pelos Engs. João Pires da Fonseca e António Alpuim Com os seus 177m de altura, esta é das maiores estruturas elevadas construídas no país, erguendo-se como um farol, servindo de ponto de referência a quem se movimenta dentro do Concelho de Gaia. Os lugares mais altos, no cimo dos montes, sempre foram vistos como locais sagrados, ideais para as comunicações entre os Homens e o Divino. Mesmo ao lado do santuário do Monte da Virgem, repete-se um padrão recorrente do convívio dos locais de culto com as potentes antenas. Afinal, a função de favorecer a comunicação é comum.

59 Apartamentos Domus Aqua Vila Nova de Gaia Habitação 2000 – 2017 José Fernando Gonçalves 2016 Visita comentada pelo Arq. José Fernando Gonçalves É importante visitar este conjunto de edifícios em Lavadores para entender que a ocupação da frente de mar levada a cabo indiscriminadamente, por toda a costa norte, com edifícios de condomínio fechado demasiadamente grandes e perturbadores da anterior escala de casas de veraneio, tem exemplos com qualidade. Qualidade construtiva e qualidade formal. Neste caso é o desenho diferenciado dos edifícios, os espaços exteriores verdes, a configuração em L, as lâminas de sombreamento a poente e os alçados encerrados a nascente, que definem esta singular intervenção. O sistema em grelha dos edifícios permite um piso térreo transparente, tipologias variadas nos diferentes pisos, que acabam nas tradicionais penthouse de cobertura com uma vista deslumbrante.

60 Casa na Madalena Vila Nova de Gaia Habitação 2000 – 2017 Carlos Castanheira 2007 Visita comentada pelo Arq. João Figueiredo reservas marcação pré-marcação A escassos minutos de distância do centro da cidade, esta casa funciona como um autêntico refúgio, voltada sobre si mesma, para o seu jardim e para as árvores altas que a circundam. Construtivamente, na sequência de outras experiências de Carlos Castanheira, é uma obra que arrisca explorar materiais pouco usuais em construções domésticas contemporâneas. A opção por usar paredes de “betão aparente de aparência bruta”, caixilharias e coberturas de madeira revestida a cobre, permite que a casa consiga o recato pretendido relativamente à rua e uma grande transparência sobre o espaço exterior privado. Conhecer esta casa privada e passar para lá das paredes maciças de betão é uma rara oportunidade para conhecer o interior, escondido, de uma obra que tem despertado muita curiosidade a quem passa.